A guerra do açu 1688

0 595

A guerra do Açu de 1688 ou dos bárbaros é outra guerra que marcou muito o Brasil, mas que infelizmente é outro extermínio indígena esquecido pela história oficial e não é estudada.

Foi um denso e longo episódio que se passa na história do Brasil Colonial na qual os índios não se contentaram diante da colonização e acabaram surpreendendo pela ousadia, coragem e determinação e, na a guerra do açu de 1688 eles conseguiram por um tempo manter um sucesso militar apesar da sua inferioridade bélica.

Começaremos a entender mais do caso pela disputa dos sertões nordestino que ocorreu entre 1650 e 1720 que acabou infelizmente, levando à outro massacre impiedoso de diversas tribos sendo outro dos fatos mais cruéis da nossa história.

Mas que infelizmente não se tem tanto conhecimento sobre, também chamada de Guerra dos Bárbaros, Confederação dos Cariris e Guerra do Recôncavo.

Quem estava envolvido?

A guerra do açu
a guerra do açu de 1688

Reinavam sobre nossa terras dois tipos de grupos genéricos de indígenas nomeados: Tupis e Tapuias, os tupis ficavam entre todas as sociedades litorâneas e sempre foram considerados, em geral, uma civilização mais amistosa e de fácil contato e colaboração.

Posts Relacionados
1 De 116

Já os índios Tapuias eram vistos como o inverso, eles eram ferozes, não aceitavam “a civilização” e eram difíceis de se negociarem, devido a esta imagem desagradável dos tapuias, isso contribuiu para que conhecêssemos mais a respeito e hoje sabemos que eles tinham diversidades na língua, nos costumes e tradições.

A relação dos holandeses com os indígenas foi, intencionalmente, na contramão dos portugueses buscando aliança com as tribos tapuias que eram inimigas dos colonos ou seja, isso serviu para fortalecer as relações entre portugueses e tapuias e, há reforçar a falsa dicotomia que os europeus dividiram as populações indígenas brasileiras.

Então após expulsarem os holandeses do Nordeste açucareiro em 1654, os colonos tiveram que enfrentar duas sérias ameaças à colonização portuguesa essas eram:

Os negros quilombolas de Palmares e as agressivas e hostis tribos Cariris, consideradas “traidoras” pôr terem se aliado aos invasores holandeses. A a guerra do açu de 1688 contra essas últimas é um dos fatos mais cruéis da nossa história, mas que também não é conhecido.

Os Cariris habitavam, inicialmente, o litoral nordestino, do Maranhão ao sul da Bahia. De lá foram expulsos pelos Tupiniquim e, depois pelos Tupinambás. Quando alcançaram o interior, dividiram-se em diversas tribos:

tarairiú, janduís, paiacus, canindés, surucus, icós entre outras. Foram elas que formaram a chamada Confederação dos Cariris, um termo dado pelos europeus.

Esses foram os argumentos usados nas petições dos colonos para justificar a dita a guerra do açu de 1688 que seria justa contra os nativos, situação que favorecia o apresamento dos índios para assim serem vendidos como escravos aos engenhos o litoral da região e concedia o direito de solicitar, junto às autoridades coloniais, terras nas áreas onde eram travados os combates contra o “gentio bárbaro”.

Assim, a “guerra justa” serviu de pretexto para atender a interesses dos colonos: montagens de fazendas de gado, doações de sesmarias e captura de escravos. Não foi, contudo, um empreendimento fácil: a ocupação do sertão da Bahia ao Maranhão levou a confrontos sangrentos marcados por violências de ambos os lados e a uma guerra que se prolongou por setenta anos.

A guerra do Recôncavo, anos de 1651 à 1679

Logo quando foram expulsos os holandeses, se deu início aos conflitos e ganharam tamanha dimensão que os colonos e autoridades deixaram de lado os ataques ao Quilombo de Palmares para concentrar os esforços contra os indígenas.

Esse foi o primeiro acontecimento da Guerra do Açu, chamado de Guerra do Recôncavo e ocorreu no interior da Bahia entre 1651 e 1679 gerando os confrontos da serra do Orobó, Aporá e do Rio São Francisco.
É um fato importante na a guerra do açu de 1688.

Francisco Barreto de Meneses era o governador-geral e foi famoso por ter liderado os colonos nas Batalhas de Guararapes entre 1648 e 1649 contra os holandeses, ele enviou duas companhias para reprimir os “bárbaros”: os índios aliados aliados que compunham o Terço de Filipe de Camarão e os negros do Terço de Henrique Dias.

As tropas enviadas contra os índios eram compostas pôr mais de 50% índios aliados assim sendo arregimentados, ainda, condenados, vadios e degredados com a promessa de perdão para aqueles que eles combatessem os “bárbaros”.

Tais efetivos, porém, eles não conseguiram derrotar a enorme resistência oferecida pelos Cariris.

Francisco Barreto resolveu escrever para o capitão-mor de São Vincente para acertar um contrato com os sertanistas paulistas, ele estava convencido de que somente a experiência dos bandeirantes poderia “pacificar” a região.

Inicialmente os índios estavam em vantagem pois estavam em maior número e conheciam os áridos solos do sertão nordestino e, ao contrário os portugueses os índios não precisavam mantimentos pesados consigo, já que estavam habituados a se alimentar de frutos, mel, caça e pesca.

Além disso, eles adotavam táticas estranhas contra os militares europeus fazendo com que as autoridades ficassem completamente espantadas. “A guerra destes Bárbaros é irregular e diversa das mais nações porque não formam exércitos nem apresentam batalhas na campanha.

Antes são de salto as suas investidas, ora em uma, ora em outra parte, já juntos, já divididos”, disse descrevendo em 1688 o arcebispo governador do Brasil, frei Manuel da Ressurreição.

A vantagem dos nativos criou um clima de pânico entre os colonos, que ameaçavam abandonar a terra. O comportamento “selvagem” dos inimigos acabou agravando a sensação de medo.

A Guerra do Açu, anos de 1680 à 1720

Depois de tudo aquilo, essa etapa foi ainda mais violenta e estendeu-se pelo território compreendido por Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba sendo entre os anos 1687 e 1693 o período mais crítico dessa fase.

Em 1687, os índios realizaram um ataque surpresa violento que matou diversos colonos, milhares de cabeças de gado e destruiu também fazendas na capitania do Rio Grande, hoje o Rio Grande do Norte.

Visto encurralado, o governador-geral Mathias da Cunha solicitou ajuda ao governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, e ao capitão-mor da Paraíba, Amaro Velho de Sequeira para que eles o enviassem armas, munição e mantimentos mas isso não foi suficiente para combater a enorme resistência dos Cariris.

Novamente eles convocaram os índios do Terço de Felipe Camarão e os negros o Terço de Henrique Dias, mas o elemento determinante para o sucesso português nos combates foi há no Nordeste para combater o Quilombo dos Palmares, foi convencido há suspender o ataque dos quilombolas e há mudar de rota para enfrentar os Cariris.

A força dos índios, neste momento era assustadora pois eles estavam reunindo um maior número de tribos, além disso, estavam também usando cavalos e armas de fogo que haviam tomado e roubado dos colonos, também aprenderam a manusear os mesmos. Os Janduís conseguiam obter às armas através o comércio com piratas no litoral.

  • Os Índios não ficaram passivos diante da colonização e mesmo em situação adversa surpreenderam pela ousadia, coragem e persistência chegando em muitos momentos ter força militar apesar da sua inferioridade nesta área.

Diante da grande resistência dos índios, a guerra foi tomando um caráter cada vez mais explícito de extermínio, numa carta endereçada ao bandeirante Domingo Jorge Velho, o governador-geral Mathias foi direto:

“Espero que Vossa Mercê me repita novas de outros maiores sucessos, até finalmente me vir a última, e mais gloriosa de ser ter acabado a guerra, e ficarem totalmente extintos os Bárbaros” assim, se há princípio, os bandeirantes foram seduzidos pelo apresamento de indígenas, passam a ser recompensados principalmente, com honrarias e terras sesmarias.

Já em 1692, foi um ponto de virada na guerra: há celebração do primeiro Tratado de Paz entre colonizadores e indígenas na América portuguesa, então pela influência do chefe os Janduís, Canindé, foi estabelecido uma aliança na qual a tribo concordaram em fornecer cinco mil guerreiros para lutar junto aos portugueses contra os invasores europeus ou tribos hostis.

Além de fornecerem também um certo número de trabalhadores para fazendas de gado. Em troca eles recebiam uma área de 10 léguas quadradas e sua liberdade.

Estava claro que o acordo era uma forma de estratégia de sobrevivência para os índios diante da ameaça de extinção que suas populações tinham em uma guerra de longa duração, já os colonos queriam a permanência da guerra já que ela gerava lucro, honrarias, terras e escravos.

Os levantes Cariris prosseguiram até o início do século XVIII. A partir de 1720 não havia mais sinais de levantes indígenas naquela região.

Os conflitos desequilibrados

Após a terra ficar livre da ameaça indígena, os sertões nordestinos passaram para o controle luso-brasileiro e foram criadas mais fazendas de gado se expandindo na região, os colonos receberam terras e escravos que acabou se tornando motivo para discórdias e novos conflitos.

Muitos bandeirantes acabaram por se fixar na região onde receberam extensas sesmarias e exploravam a pecuária, já os novos proprietários entram em atrito com os antigos sesmeiros e moradores pela divisão das terras e posse dos escravos.

Acabou acontecendo outro conflito entre os bandeirantes e os missionários pelo controle da mão de obra indígena, os bandeirantes não hesitava em nenhum momento em invadir aldeamentos para capturar índios já convertidos e vendê-los como escravos.

Então este foi o acontecimento que levou ao extermínio de diversas tribos e diversos indígenas, a Guerra do Açu.

Quero saber mais sobre A guerra do açu de 1688!

Se você gostou de aprender um pouco sobre a historia do Rio Grande do norte e quer saber ainda mais, não perca a chance de ler também nosso artigo sobre: O algodão no Rio Grande do Norte.

Deixe um comentário