Onde os cangaceiros atuavam?
Os cangaceiros eram o nome dado aos participantes do movimento criminoso denominado de cangaço, que assolou toda região nordeste durante o período que englobava o término do governo imperial e o auge do governo Vargas.
Suas atuações criminosas eram realizadas no sertão nordestino, em meio a uma realidade socioeconômica cercada de desigualdades sociais, secas e miséria. Tudo isso foi propício para o surgimento de vários grupos criminosos desse tipo. Para saber mais detalhes e informações, continue a leitura.
O que eram os cangaceiros?
Os cangaceiros, como popularmente eram conhecidos os membros do cangaço, eram grupos de criminosos que perambulavam totalmente armados. Pela região nordeste durante o marco temporal que durou do final do governo monárquico até a metade da Era Vargas.

Por ser um movimento formado por várias pessoas, seus membros tinham motivações bem distintas para estarem nessa vida. Entretanto, a maioria entrava nesses grupos criminosos por conta de três objetivos: buscar vingança, promover justiça social e por prazer de praticar atos criminosos.
O nome “cangaço” é derivado da palavra “canga”, um objeto de madeira que põem na garganta do boi para que ele possa puxar o carro. Como o cangaceiro vivia andando cheio de coisas, sua vestimenta aparentava que ele caminhava por baixo da canga.
Qual foi a importância histórica dos cangaceiros?
Em uma época em que a miséria, seca e a opressão era feita pelos coronéis, os cangaceiros viraram uma espécie de símbolo de resistência, a qual conseguia se sobressair de toda complicação vivida na época.
Outro fator que fizeram eles ganharem bastante força foi o fato de alguns cangaceiros agirem como uma espécie de “justiceiros sociais”, pegando os insumos dos coronéis e distribuindo aos mais necessitados.
Todo o “mito” histórico em meio a figura dos cangaceiros ganham força pelo resto do país quando ocorre a migração em massa de nordestinos para a região sudeste, no qual propagam a historia deles por meio das mais variadas expressões artísticas, como a pintura, leitura e o cinema.
Entre as mais diversas expressões culturais, ele ganhou bastante destaque no cinema, sendo trabalhado por vários cineastas consagrados do nosso país. O cangaço se consolidou bem, principalmente por conseguir mesclar bem com muitos gêneros, como a aventura, drama, documentário e até na comédia.
Quem foram os cangaceiros mais famosos?
Vários membros famosos tiveram bastante notoriedade em nosso imaginário popular, como o badalado casal Lampião e Maria Bonita. O casal de criminosos mais famosos do país, sendo uma espécie de “Bonnie Clyde” nacional.
Apesar disso, é válido conhecer um pouco mais sobre a trajetória de outros nomes muito interessantes que fizeram parte do nascimento, confira abaixo:
Jesuíno Brilhante
Famoso por ter sido o líder do primeiro grupo de cangaceiros conhecidos da história, Jesuíno Alves Melo Calado, popularmente conhecido pela alcunha de “Jesuíno Brilhante”, natural da cidade de Patu, localizada no Rio Grande do Norte.
Suas práticas criminosas foram exercidas durante os anos de 1870, principalmente entre os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Ele ganhou a imagem de “cangaceiro justiceiro”, pois saqueava todos os comboios que o governo enviava para a região e distribuía para os mais necessitados.
Sinhô Pereira
Sebastião Pereira e Silva, nome verdadeiro de Sinhô Pereira, foi o cangaceiro que liderou o grupo que posteriormente foi comandado por Lampião. Seu período de chefia compreendeu os anos de 1910-1920, no qual colocou bastante terror na região nordeste.
Após isso ele resolveu abandonar a vida de crimes e migrou para a região interiorana do estado de Minas Gerais, onde obteve uma vida bastante pacata juntamente da sua família, algo bem diferente da sua rotina anterior. Sua saída foi um marco histórico, pois concretizou a ida de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, para a liderança de seu bando.
Lampião
Lampião, a alcunha de Virgulino Ferreira da Silva, de longe o nome mais conhecido da história do cangaço, sendo a primeira imagem que vem na cabeça das pessoas quando pensam em algo relacionado ao movimento.
Ele foi o responsável por liderar a quadrilha de cangaceiros mais famosos do movimento durante os anos de 1922 até 1938. Sua origem vem de família de bem razoável, contudo, perdeu tudo por conta de uma disputa territorial.
No ano de 1938, ele e o seu bando sofreram uma emboscada de um grupo de militares e policiais, no qual tiveram suas cabeças decepadas e expostas para todos em praça pública.
Maria Bonita, a primeira mulher do cangaço
A famosa parceira de Lampião, ela foi a primeira mulher a entrar em um grupo de cangaceiros. Ela é natural do distrito de Malhada de Caiçara, localizada na cidade de Glória, no estado da Bahia.
Sua entrada ocorreu por volta do ano de 1929, depois de ter se divorciado de seu ex-marido, no qual conquistou o coração do eterno líder do cangaço por conta de sua beleza e disposição. Sua ingressão ao movimento inspirou outras mulheres a entrarem também.
Corisco, o Diabo Loiro
Cristiano Gomes da Silva, o nome de batismo de Corisco, foi conhecido por ser o cangaceiro mais sanguinário e brutal da história do movimento. Sua fama maior foi pelo fato de ter sido o líder do maior grupo de cangaceiros, depois da morte da trupe do Lampião.
Após a queda do cangaço, ele tentou ter uma vida longe dos crimes, exercendo os ofícios de vaqueiro, contudo, não durou por muito tempo, pois acabou sendo morto por um policial que o perseguia há muito tempo.
Onde eram as áreas de atuação dos cangaceiros?
Os cangaceiros praticavam suas ações criminosas na região Nordeste, em meio ao clima seco e quente, de uma vegetação inóspita, com um solo árido.
Eles geralmente ficavam em locais chamados de “coutos” ou “valhacoutos”, lugares de acesso complicado que ficavam em serras altas e fazendas abandonadas. Nessas localidades eram onde eles guardavam seu armamento e até iam para escapar dos policiais.
O que aconteceu com os cangaceiros?
O cangaço viveu seu auge entre as décadas de 1920-1930, principalmente pelas ações praticadas pelo grupo de Lampião, que começaram cada vez mais a ganhar notoriedade nacional.
Devido a isso, em 1932, os governantes, preocupados com isso, lançaram uma campanha de confronto a esse tipo de crime organizado, unificando todas as tropas policiais e pondo a cabeça delas em prêmio.
Anos depois, em 1938, Lampião, Maria Bonita e seu grupo finalmente foram abatidos, na fazenda de Angicos, quando o Tenente João Bezerra e seu bando cercaram os cangaceiros e os mataram, expondo suas cabeças em praça pública como se fosse um troféu.
Dois anos depois, assassinaram outro grande cangaceiro, Corisco. Assassinado por José Rufino, ele também teve sua cabeça decepada e exposta como forma de troféu. Devido às mortes de seus ícones mais fortes, o ano de 1940 ficou conhecido como o ano que acabou com o cangaço.
Muitos atribuem o fim dos cangaceiros a outros fatores também, como a alta industrialização, que encurtou isolamento territorial, que acabou deixando o sertão mais próximo das grandes metrópoles. Entretanto, alguns historiadores afirmam que a extinção do cangaço começou com o início da Revolução de 30, que teve uma função fundamental de erradicar os cangaceiros no
a região Nordeste.
Getúlio Vargas, o então presidente da época, achava inadmissível um país que estava em uma situação de crescimento emergente tivesse resquícios criminosos, por isso ele acabou colocando a pauta de perseguição aos cangaceiros como prioridade.
Ficou notório ao decorrer do desenvolvimento deste artigo o quanto o cangaço foi emblemático para o nordeste brasileiro, tornando alguns de seus membros figuras heróicas que apesar de praticar atos criminosos, ajudaram bastante os necessitados.
Também vimos o quanto o meio socioeconômico influencia o surgimento desse tipo de organização criminosa, pois foi mostrado que eles só puderam existir por conta da péssima qualidade de vida dos moradores do sertão nordestino, mas que a partir da melhoria de vida deles, o movimento acabou perdendo muita força.