Todo mundo em Natal conhece a ponte Newton Navarro, pode não ter ido, mas sabe pelo menos onde fica. Por que uma ponte dessa magnitude tem esse nome? Aprenda aqui nesse post!
História da Ponte Newton Navarro
A construção de ponte Newton Navarro começou em 24 de outubro de 2004, e depois de muitos percalços, foi finalizada e inaugurada 6 anos depois, em 2010. A construção foi tão diferente que foi chamado um engenheiro italiano de nome Mario de Miranda, contratado unicamente para a ponte.
Ao todo são 1,8 quilômetros de extensão que levam pedestres e motoristas de um lado ao outro do Rio Potengi. Destes, 500 metros são sustentados apenas por cabos de aço. Estes por sua vez, ficam presos em apenas dois blocos gigantes, sendo cada um de 110 metros de altura. Já o resto da ponte recebe sustentação por barras convencionais.

O projeto da iluminação também foi do arquiteto italiano, que foi um trabalho que serviu tanto para a seu trabalho rodoviário quanto para “deixar bonito”. Assim, a iluminação da ponte foi feita também pensando na beleza que fica a ponte.
Quem foi Newton Navarro?
Newton Navarro Bilro nasceu em 1928, aqui em Natal mesmo, na casa da sua avó na Avenida Rio Branco. Ele foi um escritor erudito, dramaturgo, poeta, desenhista, pintor, vários estilos de arte. Filho de Elpídio Soares Bilro, potiguar do Cabugi, e de Celina Navarro Bilro, professora do primário.
Desde pequeno, Newton Navarro já demonstrava aptidões artísticas quando brincava de pintar com giz o chão da calçada de sua mãe. Ora, seu pai era artista e esse dom passou para o filho. Via o pai fazendo trabalhos em madeira e alvenaria, achava bonito e tentava fazer em forma de pinturas.
Cenário que viveu Newton Navarro
Um dos lugares mais belos de toda a Natal, perto de casas antigas, ruas com muita história, pescadores, gatos e tendo como pano de fundo o Farol de Mãe Luiza, Newton Navarro tinha inspiração de sobra para começar suas pinturas e artes variadas. Ele amava Natal, o rio Potengi e toda essa nossa urbanização que se mescla perfeitamente com a natureza.
Cada casarão antigo, beco, viela, pessoas, danças, bares e até as bananeiras nos quintas das casas, ele gostava de pôr em seus quadros, que mostravam o dia a dia do povo natalense, mas Newton Navarro via mais: via cores e formas que ninguém mais via. Amava tanto Natal que disse certa vez:
“Eu não acho cidade mais bonita que Natal, nem rio mais bonito que o meu rio. Eu vi uma vez o Sena. Achei uma porcaria. Vi também o Tejo e achei também uma porcaria. Mas o Potengi não. Que azul! E os morros que protegem a cidade? E as madrugadas? E as estrelas da manhã? Só em Natal tem essas coisas. A estrela repetida no forte da pedra… Uma cidade coberta de elísios, embalada pela canção dos pescadores, enfeitada de um lado e de outro, rio e mar, pelos azuis e verdes e pelas jangadas. Que cidade maior e melhor? Não existe. Nenhuma.”
(NAVARRO, 1974)
Um natalense que amou Natal como nenhum outro antes visto.
Técnicas de Newton Navarro
Newton Navarro usava técnicas como aquarela, óleo, nanquim aguada, guache, bico de pena e outros materiais como borra de café e chá. Nas telas dele, dá para ver seu desenvolvimento do grafismo, dando movimento e vida às pinturas, esse grafismo íntegro e constante é coisa dele e não se enquadra em nenhuma escola de arte.
Ele foi um artista não só além de seu tempo como inovador e abusado, ou seja, não se mantinha na mesmice e usava muito várias técnicas em uma só, não se prendendo á uma única forma ou expressão. Ele ficava horas observando sua obra e analisando cada movimento silencioso que seus personagens faziam.
Uma característica de Newton Navarro é que ele representa o nordeste e o nordestino como alguém de fora nunca vai saber: como um povo forte, cada personagem tinha músculos e demonstrava ser gigante e vencedor.
Simbologia e representação nas obras
Newton Navarro conseguia mostrar toda uma história com suas pinturas e podemos encontrar várias simbologias interessantes. Por exemplo, o sol que ele colocava iluminando as plantações e os cenários do Nordeste, é um sol em amarelo dourado, lembrando da força e da luta do povo.
Quando ele pintava as rendeiras, mostrava não só elas, mas também como elas tem de se esforçar enquanto os homens saíam para pescar, elas tinham de cuidar da casa e ainda trabalhar.
Importância de Newton Navarro
Não é de se espantar que ele é o artista preferido dos professores de Arte da UFRN, que atuam no trabalho lindo de espalhar suas obras por onde passam. Várias teses de doutorado e mestrado ressaltam esse importante artista potiguar, tido para alguns como o mais importante artista potiguar.
Um vídeo-documentário sobre ele, chamado de “Devaneio do Olhar”, dirigido pela professora Elizete Vasconcelos Arantes Filha, como parte integrante da sua dissertação de mestrado em 2004, com o mesmo título, que resultou em prêmio de melhor documentário no FESTNatal em 2004 e o BNB de Cinema no XIV Festival de cinema do mesmo ano.
Por isso e por todas as obras desse inestimável artista, Newton Navarro sempre será lembrado por ter a ponte mais linda do Nordeste com seu nome!